sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mutação

Hoje é um novo dia, um novo eu também,
consenti minhas mágoas presas, prezado ontem.
Amores e dores, poesias, horrores,
vivem atrás para novos louvores.
Ternuras e garras, cortes, sabores,
decorrem, nos seguem os fortes calores.

Portanto mudo-me em outro eu,
advertido de erros do passado...
Aconselhado de erros apagados,
que ainda não nasceu, viveu...
Largado ao tamanho do que se passou, denso...
Divertidos cantos amassados,
eu atiro para cima, páginas ao léu, ao vento.

Que ainda procuro por socorro,
novo, belo, fosco, escuro,
ainda pois quero um pouco...
Martírio, mas quando seguro,
retrato em mim tuas palavras, teu olhar,
só para depois poder visar...
E velozmente apagar.
Faço isso só no pensamento.
Pensar... E não perco outro momento.
Já enterro meu sentir, oh sentimento,
no perigo do esquecimento...

Não deixo para depois,
mitigo tudo e corro afora.
Pois sei que essência é:
não deixar nada ao agora.
O passado já passou,
o presente não tem hora,
o tempo me cruzou,
pois ele voa, ele voa,
até pousar na aurora.
Já que fé tanto destoa,
meu buscar... Levo embora...
Fé que o vento me levou,
de tristeza, chora, chora...
Logo mais, vida acabou.

O Rei Poeta

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