domingo, 12 de dezembro de 2010

Ascensão

Viste como sou triste? Um pedacinho de lágrimas que aboliste? Sou o choro interior, que não se pôs a chorar. Sou o grito de partida, que não pôde berrar. Sou o berro, que fugiu de seu lar, para não mais voltar.

Viste como posso rir? Sou a felicidade que alegra o peito, a paz que emana respeito, o voto sincero de amor, sim, posso amar. A dor, que bela tende a não sarar.

Sou o vôo nas nuvens, o nadar no lago. Sou a chuva, e no mar deságuo.

Sou puro e lindo, vivo alto. Sou a vida, sou o mato, a corrida e o pato, sou animal, sou passado, sou o tempo e o parado.

Vivo pleno, vivo amado, para nunca poder dizer, que estou vivendo errado.



O Rei Poeta

sábado, 11 de dezembro de 2010

Acá para ti.

Segure minha mão.
Viva pleno,
viva a vida.
Não seja extremo...
Essa tua famosa invenção.

Felicidade nos detalhes,
meu caro.
Seja vivo, vivo!
Procure as pequenas claves,
sem sostenir...
Sem exagerar o belo.
O belo exagerado se torna feio, ou odiado.

Mexa contigo,
mexa em teu íntimo.
Viva pleno,
viva vivo!
E segure, meu irmão,
segure aqui a minha mão.

Estarei aqui,
segure então em minha mão.

O Rei Poeta

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sociedade das Árvores de Concreto

Onde ficam folhas,
em meio a prédios tristes?
São estas vivas,
por tantas mortes que resistem?

De certo não sei,
se dor folhas sentem.
As luzes apaguei,
chamas abrasam,
Digo que em mim, folhas sofrem.

E as raízes concretizadas,
em nossas ruas aprisionadas?
Calçadas racham enraizadas,
raízes buscando novas vias...

Seus troncos acinzentam,
peso... Tanta fuligem,
oh troncos, árvores vivas...
árvores, vossas vidas agridem?

Em meu reino decreto lei,
lei que todos obedecem!
Palavras do próprio Rei!
que às árvores protegem.

O Rei Poeta

Mutação

Hoje é um novo dia, um novo eu também,
consenti minhas mágoas presas, prezado ontem.
Amores e dores, poesias, horrores,
vivem atrás para novos louvores.
Ternuras e garras, cortes, sabores,
decorrem, nos seguem os fortes calores.

Portanto mudo-me em outro eu,
advertido de erros do passado...
Aconselhado de erros apagados,
que ainda não nasceu, viveu...
Largado ao tamanho do que se passou, denso...
Divertidos cantos amassados,
eu atiro para cima, páginas ao léu, ao vento.

Que ainda procuro por socorro,
novo, belo, fosco, escuro,
ainda pois quero um pouco...
Martírio, mas quando seguro,
retrato em mim tuas palavras, teu olhar,
só para depois poder visar...
E velozmente apagar.
Faço isso só no pensamento.
Pensar... E não perco outro momento.
Já enterro meu sentir, oh sentimento,
no perigo do esquecimento...

Não deixo para depois,
mitigo tudo e corro afora.
Pois sei que essência é:
não deixar nada ao agora.
O passado já passou,
o presente não tem hora,
o tempo me cruzou,
pois ele voa, ele voa,
até pousar na aurora.
Já que fé tanto destoa,
meu buscar... Levo embora...
Fé que o vento me levou,
de tristeza, chora, chora...
Logo mais, vida acabou.

O Rei Poeta

Suspiro de um novo início

É como um último suspiro antes de morrer...
e então renascer.
Sem nenhum tipo de dificuldade,
sem nenhum entrave...
Tem que tudo ser sempre...
Suave.
No final não tem final, começa algo diferente...
O mais longe possível,
do igual.
É como um triste sinal de partida
e então uma recaída.
Mas uma recaída para o lado oposto,
que nos leva para um novo gosto.

O Rei Poeta

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O que somos...

Eu somos nós, não?
Somos eu,
nós somos eles,
você somos eu,
eu somos nós.
E você.

O Rei Poeta