quarta-feira, 13 de junho de 2012

Solidão

Repleto de outros,
não são mais outros,
apenas eu.

Eu, um eu,
que se escondeu,
por não mais crer
não é da vida
que quero ter,
maior amor, menor descrer
maior viver, não sei, nem quero saber.

Existe um fato, num pequeno ato
existe luz, no fogo fátuo
é como ser, sei pouco, penso.

Numa memória, eu me despeço.
Não há nenhuma glória, não há pedaço,
ali ao lado, desesperado, está um eu...
Que não sou eu, claro que não sou eu,
pois estou aqui, como seria, sem mais sorrir?
Não sei sorrir, pouco sei rir,
o peso do mundo, alma a ruir.

É o sistema, tão grande jogo,
eu sei jogar, porém não quero,
este eu odeio, pois tanto penso,
quero ser livre, e me despeço.

Perdão se peço, de tua bondade,
nada mais que o peso da nulidade,
não mais me olhe, não mais me veja
sofro pois de mim sairiam palavras,
sofro pois delas, viriam lágrimas.

Não me dê lágrimas, não as mereço,
não dê palavras, pois não as peço.
A única coisa, desde o começo,
é o meu pedir, eu me despeço.

O Rei Poeta


Realidade despercebida

Realidade despercebida,
por baixo de uma cortina,
que se cria, mas não se explica
e se descobre com quem fica.

São eles os homens de ternos nobres.
À eles só se importam os nomes.
São eles os verdadeiros vórtices,
para onde vão os nossos córtices.

Trabalham dia e noite folgam...
Para não dizerem com honestidade,
são pontos sombrios em cada cidade,
que se valorizam sem amizade.

São forjadas e falsas promessas...
Na tentativa de cada dia
chamar a plebe de vadia...
E dizer que existe sociedade.

Eu vou, meu irmão, eu vou,
aqui não quero mais ficar.
Uma vez que percebida,
realidade sem altar.

Não existe berço esplêndido,
não há mais por quem lutar.
Não me convence o belo reino...
Mais que salgado e belo mar.

Realidade percebi,
e não quero mais voltar.
É terrível não sentir,
amor por tanto que se criou,
existe o breu do que restou,
a sociedade se matou.

Enquanto homem perde seu valor,
enquanto amar já não tem calor,
e de tantas harmonias,
não se reconhecem dias,
passa o tempo sem tic tac,
morrem ventos em clic clac,
são centenas de milhares,
param tantos corações,
são centenas de milhões.

Ainda fingem equilíbrio,
quando não consideram crises.
Mas é por conta do alívio,
que iludem ao nosso ser.
Pode ser que para o rico,
a verdade em questão,
seja até muito aceitável
por não perder o seu irmão.

Mas não há na Terra ponto são,
não há equilíbrio entre pobre e rico.
Existe vida dos que perdem,
e vida doce em possessão.

Vejam lá meus passageiros,
dessa doce ilusão...
Capital é circo e pão
até de quem tem o poder.

Vejam só os sentimentos,
falsos e tão tristes são.
Digo é despercebida,
realidade numa jaula,
comparada com teu cão.
O Rei Poeta