segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Núcleo

"Fogo no céu!"
Eles gritavam.
"Tem fogo no céu!"

As luzes do mundo,
por um momento, apagaram.
Eram tantos focos de atenção,
que já não sabiam mais o que gritar.

Um conjunto de átomos, que fossem,
uma partícula transformada,
viram o processo todo,
mas no fim, não havia mais ninguém.

Qual era a história que contavam os gritos?
Para que glória haviam sido prometidos?
São os povos escolhidos, queimando em segundos,
eram gotas de tristeza, sem tempo de cair.

Fogo... Fogo no céu,
não havia pra onde ir.

A miséria sobrava em pó,
a felicidade porém extinta.
O futuro era destino,
pois nunca mais mudaria.

Fogo no céu, fogo de vela,
já não havia diferença.
Um mundo todo de pó,
um mundo todo de terra.

Fogo no céu, um dia eles gritaram,
hoje já não mais tinham voz.

O Rei Poeta

Poesia mia

Admito, nada sei.
De poesia pouco li, ou mesmo lerei.
Talvez um dia, se der na telha,
mas de tantas influências...
Decidi, de poesia, seguir a minha própria trilha.

Sou guiado na vida, na filosofia,
na ciência, na ciclovia,
tantas placas e decisões por mim não feitas,
mas na poesia... Oh poesia...
Na poesia grito por liberdade.

Dizem "leia e serás bom".
Não quero ser bom, só quero escrever.
Logo, faço da poesia meu próprio querer,
dela abuso, erro, refaço,
mas deixo claro:
Na poesia desenho meu próprio traço.

O Rei Poeta

domingo, 26 de agosto de 2012

Poder

Torture-nos, dizendo nos mostrar a verdade.
Somos pedras, somos pó,
somos vidas esquecidas.
Nos julgue e nos perdoe,
por algo nunca feito,
só para nos mostrar que pode nos julgar,
e para nos mostrar benevolência ao perdoar.

Mande-nos aos infernos,
pois não merecemos vosso céu.
Nos mostre vosso paraíso,
diga-nos que é perfeito e ideal,
que criastes com carinho,
mas se negarmos tua utopia,
de teu falso caminho,
abate-nos como animais.

Apenas não finjas que somos tolos.
Pare de crer que não pensamos.
Muitos de nós poderiam ser teus líderes,
muitos de nós decidiram não o fazer.
Mas é por conhecermos as consequências, ambições destruidoras,
é por sermos mais que ti.
É pois entendemos da maldade e das paixões,
por não querermos nos corromper.

Tu que és ignorante, cego buscas por poder,
nós não queremos nada disso,
só queremos, em paz, viver.

O Rei Poeta

sábado, 25 de agosto de 2012

Vivo em si

Andando pelas ruas destruídas,
conheci quem me disse assim:
"Não há mais bela vida,
mas há vida dentro de mim."

Demorei a entender sua fala,
demorei pois para mim era cedo.
Um dia porém me fez sentido,
ressoou em minha mente o eco.

Era vivo aquele que dizia,
e vivo pois digo porquê.
Era vivo em si e independia,
de um mundo caído sem ser.

Um mundo... Esquecido em si.
Eu tentei, tentei e tentei...
Mas não queriam aceitar minhas mãos.
Eu dizia "não subam mais!"
Mas era absurdo olhar para trás.
Ambição levou o homem à loucura,
até o ponto onde toda alma cai...

Eles não aceitaram, não não,
pois eu lhes oferecia algo menor.
Para mim era suficiente,
diziam eles que sabiam de cor.
Não se faziam de desentendidos,
mas deixavam crer que eram burros.

Eu não esperava deles um espanto,
minhas palavras lhes soavam tolas.
Quanto mais lhes dizia para ter calma,
mais se irritavam com elas.

E um dia... O mundo caiu.
Um dia triste, e todo mundo viu.
Sobraram poucos, e dentre estes um homem,
que soube viver sua vida em si,
pois lhe era bela a mente,
independente da desordem que eu vi.

O Rei Poeta

A queda.

Desabou-se um encontro.
nada acabou se não o brilho eterno que não havia.
Era tudo, era nada, mas era alguma coisa.
Desabou-se, um encontro...

Não está mais aqui quem falou,
também não há nada pra falar.
Do tempo, nada a esperar,
vi o encontro vir, ir e passar.
Vi o encontro virar as costas... E andar.

Era uma sombra companheira, para à minha adicionar.
Mas desabou-se encontro, desabou-se sombra, desabou-se tudo.

Fui sortudo, fui feliz e não deixo de ser, só por um triz.
Vivo, porém, nas memórias de um lugar.
Vivo, porém, no tempo que passar,
pois do futuro esperar... Encontro.

O Rei Poeta

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O vento leva.

Estrada que queima ao sol,
e casas à vista.
O vento leva poeira, terra seca,
lava alma antes presa.

À frente apenas só,
não existe tentativa.
Um ponto de luz espera,
mas não sem expectativa.

Existe sim quem ame,
existem simples instantes.
Não espere de cada momento,
segundos exacerbantes.

Contente-se com o que passa,
com o que o vento leva.
Poeira, terra seca...
Contente-se com o que o vento leva.

O Rei Poeta